Trabalho em troca de hospedagem é para qualquer idade


SE VOCÊ ACHA QUE TRABALHO EM TROCA DE HOSPEDAGEM DURANTE UMA VIAGEM É SÓ PARA OS JOVENS VOCÊ ESTÁ COMPLETAMENTE ENGANADO.
Tendemos a rotular as coisas… Hostels é para jovens, viajar barato é para jovens, trabalhar em troca de hospedagem é para jovens. São pensamentos que só nos impedem de realizar tudo o que quisermos e em qualquer momento da vida.

A Iracema, do blog Feminino 60, já escreveu aqui na ViraVolta antes e ela não pensa assim. Ela saiu pra fazer longas viagens sozinha após os 60 anos de idade e descobriu que se ela trabalhasse em troca de hospedagem suas viagens saiam ainda mais barata e ao mesmo tempo ela poderia viver experiências incríveis. Desde então ela já teve 4 experiências de trabalho em troca de hospedagem usando o site Workaway. Nesse post ela compartilha um pouco dessas experiências. Quem sabe você também não se anima a fazer.

Texto de Iracema Genecco

 

MINHAS EXPERIÊNCIAS DE TRABALHO EM TROCA DE HOSPEDAGEM

 

Acreditem, uma das poucas alternativas para viagens de longa duração até alguns anos era juntar o máximo possível de grana. Levava-se o dinheiro distribuído em bolsos, cintos e bolsinhas. E a trip acabava quando acabasse a grana. Hoje, está muito mais fácil sair por aí sem pressa de voltar. Com um celular e conexão wi-fi se vai longe, a internet é um mapa do tesouro. Para orçamentos curtos, existe até a oportunidade de trabalhar para custear estadia e alimentação.

Com isso, descobri que posso dar a volta ao mundo sem ser milionária. É só decidir para qual lado do planeta quero ir, sondar as oportunidades de trabalho nos sites, enviar os pedidos, aguardar as confirmações e ir fechando um calendário de acordo com o meu roteiro naquelas regiões por onde pretendo passar.

Minha primeira experiência levou-me à região da Toscana, na Itália. “No momento só tenho vaga para cuidar de um cão” respondeu-me a anfitriã a quem eu havia enviado um e-mail. “Só se for agora”, pensei e respondi imediatamente antes que aquela oportunidade fugisse. Eu estava hospedada num b&b em Roma, podem imaginar a alegria com que eu me joguei para uma temporada na Toscana ao custo do preço de uma passagem de trem.

Logo nos primeiros dias, na chegada, minha anfitriã preparou uma janta de apresentação às suas amigas que, por sua vez, vieram me buscar depois para passeios nas cidades próximas, ir ao teatro, ao cinema. Durante uns 20 dias, bebi vinhos (com moderação), me embebedei de paisagens e conheci pessoas e lugares que, de outra forma, eu jamais saberia que existem. Como Orvieto, por exemplo, a poucas horas de trem e uma das mais gratas surpresas.

Minha tarefa básica era cuidar de uma simpática cachorra preta enquanto seus donos viajavam. Caminhar com a Vinnie por aquelas estradas, fotografar as paisagens, cumprimentar os vizinhos. Em casa, muitos tipos de massa estocados na despensa, alimentos prontos na geladeira e livre acesso à adega. O que economizei neste período em diárias e alimentação me permitiu incluir novas cidades a visitar.

Acertada uma segunda oportunidade, dirigi-me a um vilarejo na região da Emília Romana. Fiz longas caminhadas com meus novos companheiros Dido, Linda e Laila (outros cães que eu tomava conta). Minha anfitriã, tradutora, passava os dias em frente ao computador, sem muito tempo para as pequenas tarefas domésticas. Fui apresentada à sua família, a seus amigos e à inesquecível culinária bolonhesa. Participei de genuínos almoços à italiana, daqueles com a família completa: avó, pai, mãe, filhos, sobrinhos, netos, primos, amigos, vizinhos, agregados. Isso não tem preço que pague.

Tive experiências também nos Estados Unidos, país para onde resolvi ir a fim de praticar e melhorar o inglês. Conheci quase todos os estados na região de New England. Comecei por Connecticut, a cerca de 40’ de trem de Nova York. Minha função era ajudar o casal, que mantém um Pet Care em casa. Eles têm um cão e um gato e recebem outros animais como hóspedes, enquanto os donos trabalham ou viajam. Diariamente, pela manhã, saíamos de carro até encontrar um parque onde os cães podem passear sem coleira. Fazíamos longas caminhadas por trilhas sob a sombra da floresta, com lagos e cascatas. Minhas tardes e finais de semana eram livres.

Dali, conheci também a Filadélfia e fiz uma temporada em New Hampshire, onde tive outra experiência numa casa onde não havia pets. A anfitriã, uma psiquiatra, trabalhava o dia inteiro no consultório em uma casa ao lado da casa principal. Ela e o marido viajavam durante alguns dias e eu ficava “administrando” a casa, onde vivem seus três filhos, mais outro workawayer, Ramon, um espanhol da região das Astúrias. Cozinhar não faz parte das minhas habilidades, então à noite, pedíamos pizza. Quando estava em casa, Annie, minha anfitriã, fazia questão de preparar o jantar em família. Momento mágico, cardápios caprichados, queijos & vinhos e muita conversa interessante. Minhas tardes e finais de semana eram livres. Annie nos dava carona, deixando Ramon e eu em parques, trilhas, lagos, museus e cidades próximas. De lá eu visitei Boston, Cape Code e Portland.

A REALIDADE E VANTAGENS DE TRABALHAR EM TROCA DE HOSPEDAGEM

 

Claro que fazer turismo assim é bem diferente do convencional e exige capacidade de adaptação às circunstâncias. Não dá para ir simplesmente de uma cidade turística para outra. Eu escolho uma região e aproveito para explorar tudo o que ela oferece. Viajar dessa forma, para mim, proporciona, além da convivência diária com os anfitriões, uma imersão na cultura local mais intensa do que qualquer outra forma que conheci. Essa coisa de ir junto ao supermercado, ser apresentado aos amigos, participar das atividades comuns, ir aos restaurantes que eles costumam frequentar.

Resumindo, talvez dê certo por isso, vou disposta a conhecer mais as pessoas e os lugares do que atrações turísticas. Acho que conta a favor minha predisposição de aceitar ambientes e situações novas, bem como a facilidade de integração com qualquer faixa de idade. Acho que esses são alguns dos requisitos básicos para quem pensa em se lançar neste tipo de aventura.

CAMINHO DAS PEDRAS PARA VOCÊ FAZER O MESMO

 

Onde encontrar uma oportunidade e como funciona?

Diversos sites facilitam o encontro entre viajantes e quem precisa de ajudantes extra. Mas, atenção: em princípio, não há pagamento em dinheiro envolvido, coisa que um visto de turista não permite em diversos países. Trata-se apenas de um acordo voluntário entre as partes, que acertam previamente o trabalho a ser feito, quantas horas, o tipo de alojamento, dias de folga, etc.

Sites: workaway (o que eu mais uso), helpx, Go Overseas e Wwoofing

Quais são as oportunidades?

As oportunidades são variadas e abrangem desde trabalho coletivo em fazendas orgânicas, cultivo ou colheita, pousadas rurais, atendimento em hotéis, dog sitter ou serviços diversos em casas de família. Existe ainda uma forma específica de voluntariado, em que as organizações, geralmente humanitárias e filantrópicas, providenciam alojamento e alimentação nas comunidades onde o trabalho é desenvolvido.

No período em que procurava recebi inúmeros chamados: em Saint-Louis, para plantar flores; em Vermont, para plantar feijão; em Boston e em Montana, para prática e conversação em Português e Italiano; em Nova York como baby-sitter.

Como são as acomodações oferecidas?

Os alojamentos incluem vários tipos, desde barraca ou van estacionada no quintal, sofá, dormitório coletivo, quarto compartilhado ou – suprema mordomia – quarto individual com banheiro privativo e acesso irrestrito à internet (minha especialidade).

Como são as refeições oferecidas?

As refeições e tipo de comida também são variados, podendo ser totalmente bancadas pelos “anfitriões” (mas, geralmente preparadas pelo visitante), em cozinhas comunitárias, no caso das fazendas e das pousadas, ou como participante das refeições com a família. Alguns oferecem apenas parte da alimentação diária, tipo meia pensão, ou cobram uma pequena taxa. Tudo isso tem que ser visto e acertado antes.

É difícil ser aceito para uma vaga?

Nunca encontrei nenhuma dificuldade para conseguir trabalho, mesmo sem ter qualquer referência e explicitando claramente a minha idade: 64 anos. Simplesmente, me inscrevi no site, selecionei as oportunidades, fiz um breve perfil de acordo com as orientações do próprio site, enviei e-mail e, logo, obtive respostas positivas. Não faltam oportunidades para quem está a fim. Mas é claro que depois de já ter tido experiências fica ainda melhor para o seu perfil.

Quer pesquisar mais sobre o assunto?

Quem se interessou e quer saber mais é só digitar no Google: “work exchange for room and board”, “volunteer abroad”, “trabalho em troca de hospedagem”. Você vai encontrar muitas informações.

Escolha o que melhor atender seus interesses, inscreva-se e boa sorte! Boas viagens!

IRACEMA GENECCO

Achou que fazer 60 anos merecia um presente inesquecível e em grande estilo. Decidiu dar a si mesma um presente inesquecível: inventou de pegar uma mala e se jogar no mundo. Isso foi em 2011. Desde então, não consegue mais ficar sossegada em casa. Saiba mais: Feminino 60

Créditos das fotos: Iracema Genecco

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Carol Fernandes

IDEALIZADORA

Uma virginiana certinha da pá virada, que virou de vez depois de viajar o mundo e decidiu que só ia fazer o bem. Criou a ViraVolta porque acredita que viajar o mundo transforma as pessoas e as pessoas transformam o mundo. Não escreve rebuscado, poético ou certinho, mas fala com a alma e o coração.​

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