Como trabalhar 6 meses e viajar 6 meses por ano

E SE VOCÊ PUDESSE TRABALHAR 6 MESES E VIAJAR 6 MESES? TODO ANO? QUEM DISSE QUE VOCÊ NÃO PODE? Quando eu estava viajando o mundo conheci muitas pessoas com esse estilo de vida. Eles trabalhavam de 5 a 8 meses no país deles e ficavam o resto do ano viajando. Eram pessoas de perfis profissionais e idades completamente diferentes mas que levavam estilos de vida similares. O objetivo deles era conseguir juntar nos meses de trabalho dinheiro suficiente para o ano todo incluindo a viagem.

Cada vez que a gente conhecia pessoas fazendo isso, eu e o Alexis nos perguntávamos… “Porque nunca pensamos nisso? É sensacional.” Conhecemos sócios de uma funerária onde 1 trabalhava 6 meses ou o outro 6 meses do ano. Um casal que era taxista em Ibiza e que com apenas 4 meses de trabalho eles conseguiam viajar o resto do ano. Uma especialista em deficientes físicos que vivia somente de trabalhos temporários nos 5 meses que voltava para a Alemanha. Um brasileiro que trabalhava com eventos e viaja 5 meses por ano… Vimos muita gente fazendo isso.

Esse pode parecer um estilo de vida muito incerto, mas que pode oferecer recompensas incalculáveis para a sua vida. Para ajudar a clarear as suas idéias com essa opção, conheci uma viajante brasileira para compartilhar essa experiência. A Amanda Barbosa, do blog Por Uma Vida Mais Rica, tem 31 anos e já está no segundo ano do seu novo estilo de vida.

Texto de Amanda Barbosa

 

Há dois anos, depois de passar por uma grande perda na minha família, posso dizer que comecei um processo de “despertar”, o que me fez repensar se de fato estava feliz com a vida que eu levava. Pude enxergar que ao invés de viver, eu estava apenas sobrevivendo, e assistindo a vida passar ali, através da janela do meu trabalho. Percebi que havia deixado muitos sonhos para trás por conta do comodismo e medo de arriscar.

Eu era uma pessoa “comum”, morava em São Paulo, tinha um trabalho de segunda a sexta com um salário razoável que me permitia fazer as coisas que eu gostava, porém eu sentia que faltava algo. Foi então que resolvi deixar tudo para trás para ter a experiência de morar fora do país durante seis meses no ano de 2014, na Inglaterra, coisa que sempre tive vontade de fazer, mas que acabava adiando pelo medo do novo.

Minha casa temporária na Inglaterra:

Claro, que depois dessa experiência nunca mais fui a mesma, então de volta ao Brasil, estava decidida a ter uma vida diferente daquela que eu costumava ter antes da viagem, e já comecei a planejar a minha segunda aventura, dessa vez na California, onde estou atualmente.

Para conseguir ter essa flexibilidade de viajar por longos períodos, eu comecei a trabalhar como freelancer, porém, ao contrário do que parece, trocar um emprego fixo pela instabilidade de não saber qual será o meu salário no final do mês não foi uma decisão muito fácil, visto que tive que abdicar de muitas coisas para baixar o meu custo de vida nesse começo do recomeço. A primeira coisa que eliminei foi a minha casa, para que pudesse diminuir ao máximo meu custo fixo mensal, e assim economizar para viajar mais. Quando fico no Brasil, minha base é a casa da minha mãe, que fica em Santos – SP e quando tenho que ir a São Paulo a trabalho, fico em casa de amigos, e caso precise de mais tempo por lá, alugo um quarto através do AirBnB.

Minha meta é ficar de seis a oito meses no Brasil entre uma viagem e outra, para que assim eu possa levantar dinheiro suficiente para o próximo destino, e é o que tenho feito. Assim que voltei da Europa em novembro de 2014, passei os últimos seis meses trabalhando como freelancer na área de produção de eventos, e parti para a California, onde estou vivendo atualmente.

Para conseguir viajar mais barato, e durante longos períodos, eu incorporei ao sistema work exchange (você pode conhecer mais sobre a minha primeira experiência na Inglaterra), ou turismo colaborativo, onde trabalha-se em troca de casa e comida, com isso meus gastos são apenas para o meu divertimento e despesas básicas como shampoo, roupas, remédios, etc.

Geralmente eu planejo juntar uns 9 mil reais para cada viagem de cerca de 4 meses, mas se eu não consigo basta adequar o estilo de viajar ao meu bolso. Nessa viagem atual na Califórnia, em um mês eu gastei apenas 650 reais usando o turismo colaborativo mais 1.500 reais com a passagem de ida e volta. Prova de que não é preciso muito dinheiro para viver experiências assim.

Ter esse estilo de vida é também abrir mão de muitas coisas e confortos como a cama quentinha, o travesseiro macio e os amigos perto a todo momento. É preciso estar aberto a receber o que as pessoas estão dispostas a te oferecer e ser grato por isso, o que só tem me feito perceber o quanto sair da zona de conforto tem servido com uma verdadeira escola para mim, principalmente pela prática do desapego, onde minha casa virou apenas uma mala e meu computador.

Confesso que por algumas vezes parei e pensei se o que tenho feito está errado ou se tudo não passa de uma grande loucura… Como assim não ter uma residência fixa, plano de ter uma carreira corporativa ou um carro na garagem? Essas são algumas perguntas que me assombram em alguns momentos, porém, quando começo a considerar a idéia de voltar a ter a vida “normal” de antigamente, não consigo sentir o mesmo brilho nos olhos que tenho com a vida que levo hoje. Hoje consigo perceber o quão feliz eu sou assim desse jeito “meio diferente”, e é isso que me faz ter a certeza de que estou seguindo o caminho certo.

Obviamente que vivo com menos dinheiro do que anteriormente. O que é algo muito relativo, pois quando possuía um emprego fixo e morava em São Paulo, eu acabava trabalhando para pagar as contas, que eram muitas: celular, aluguel, faxineira, condominio, transporte, entretenimento, etc, e o pouco que sobrava eu acabava juntando para viajar, o que sempre foi a minha paixão. Porém, hoje posso dizer que sou muito mais rica no meu estilo de vida. Não me dou ao luxo de comprar roupas novas todo mês e muito menos de jantar fora toda a semana, como eu costumava fazer, mas sinto-me muito mais completa pela flexibilidade que tenho nas minhas escolhas, e em poder viajar por longos períodos, não mais apenas durante as minhas férias de trinta dias.

Hoje, muito mais do que ter uma conta bancária cheia de dinheiro, a minha prioridade é a liberdade, é poder estar onde eu quiser e com quem eu quiser, às vezes até sofrer as consequências disso, porém, consciente de que sou dona das minhas escolhas e do meu TEMPO!

DICAS PARA TRABALHAR 6 MESES E VIAJAR 6 MESES POR ANO

Como se preparar:

  • Abra a sua mente para um estilo de vida completamente diferente ao que você está habituado. Pois isso pode significar não ter mais um salário fixo todo mês.
  • Avalie se a sua profissão não permitiria você viver esse estilo de vida. Não pela função e empresa que você trabalha hoje, mas por todas as outras oportunidades que o mercado pode oferecer.
  • Comece a buscar oportunidades que te permitam viver esse estilo de vida e experimente.
  • Reveja o seus custos fixos. Lembre-se, enquanto você estiver viajando vai ter que arcar com eles, então melhor otimizar ao máximo.
  • Faça o seu planejamento financeiro: afinal quantos meses você vai precisar trabalhar para bancar o seu ano todo incluindo a viagem? Tudo vai depender dos seus custos fixos, do quanto você ganha e do quanto você pretende gastar durante a viagem.

Pense em soluções para a sua moradia na sua base:

  • Você estaria disposto a abrir mão da sua casa e ficar na casa dos seus pais ou alternando a sua base enquanto está de volta?
  • Você tem uma casa própria? Então porquê não alugar no Airbnb enquanto você estiver viajando?
  • Você aluga? Porque então não dividir a sua casa/apê com outra pessoa e alugar o seu quarto para um conhecido durante o período que vai estar fora?

Viajando barato:

  • O turismo colaborativo é melhor forma de deixar a viagem barata e ainda assim oferecer uma experiência incrível.
  • Sites de work exchange que eu recomendo: wwoof, workway, helpex, worldpackers. Basta se cadastrar e procurar pelos locais desejados.
  • Lembre-se, o objetivo não é gastar a sua grana com supérfluos na viagem, mas sim interagir com a cultura local, conhecer novos lugares e viver experiências incríveis.

Se preparando para o trabalho na volta:

  • Geralmente, faltando uns quinze dias mais ou menos para a minha viagem terminar, já começo a entrar em contato com meu circulo pessoal e profissional para que saibam que estou disponível para trabalhar novamente como freelancer.
  • Participo de grupos no Facebook direcionados para esse ramo, onde ajudam nessa divulgação.
  • Atualmente, existem alguns websites que contratam freelancers e que não é necessário nem sair de casa para realizar as tarefas. São eles: 99jobs, Trampos.

AMANDA BARBOSA

Amanda resolveu trocar a vida estável no Brasil para viajar o mundo e conhecer lugares poucos conhecidos, pois “o contato com nativos permite ter um outro olhar sobre a viagem”. Hoje ela está vivendo na California, onde trabalha como voluntária em troca de casa e alimentação. Saiba Mais: Por Uma Vida Mais Rica - FB - Insta.

Créditos das fotos: Amanda Barbosa

curtiu? então compartilhe!

Compartilhar no facebook
Facebook
Compartilhar no google
Google+
Compartilhar no twitter
Twitter
Compartilhar no linkedin
LinkedIn

Carol Fernandes

IDEALIZADORA

Uma virginiana certinha da pá virada, que virou de vez depois de viajar o mundo e decidiu que só ia fazer o bem. Criou a ViraVolta porque acredita que viajar o mundo transforma as pessoas e as pessoas transformam o mundo. Não escreve rebuscado, poético ou certinho, mas fala com a alma e o coração.​

INSTAGRAM

Copyright © 2019 ViraVolta. Todos os direitos reservados.

KIKI AROUND THE WORLD

Conheça o nosso projeto de volta ao mundo.

INSTAGRAM

KIKI AROUND THE WORLD

Conheça o nosso projeto de volta ao mundo.

Copyright © 2019 ViraVolta. Todos os direitos reservados.

Rolar para cima