NÓS ESTIVEMOS NO BURNING MAN 2015 E FOI SIMPLESMENTE O EVENTO MAIS INCRÍVEL QUE JÁ PARTICIPAMOS. Acho que não existe nenhum outro evento no mundo que se compare a esse. Se você busca experiências marcantes, esse é definitivamente um evento para você participar uma vez na vida.
Veja nesse post como foi a minha experiência. E já aviso, esse vai ser o post mais longo da ViraVolta. Afinal, uma experiência tão intensa assim não poderia ser resumida em tão poucas palavras.
PS: O vídeo acima foi feito pelo Alexis para o seu canal do youtube Olá Brasil! e vale a pena conferir.
Mas antes de compartilhar eu preciso reforçar dois pontos:
1- Se você ainda não leu o post onde eu explico sobre o Burning Man, leia antes de ver esse aqui. Ou você vai perder o fio da meada.
2- O evento não é para alternativos, doidinhos e hippies. Pare com os estereótipos e leia a experiência de mente aberta.
Depois de contar sobre o evento para uma amiga ela me falou: “Ai Carol, acho que sou muito coxinha para participar desse evento.” Na minha visão isso não é verdade. Se você estiver em um momento coxinha vai encontrar atividades para você. Se estiver num momento mais espiritualizado, vai encontrar várias atividades mais espirituais. Se estiver num momento de abertura sexual, vai encontrar muitas atividades para se abrir nesse sentido. Se estiver num momento festa, também não vão faltar opções. Se estiver em um momento família, vai encontrar muitas atividades família. Sim, é um evento aberto para famílias e crianças.
A verdade é que o evento é singular para cada participante e as experiências vão rolar conforme o estado de espírito de cada um. Quando eu encontrei um cara de 50 anos que já estava indo pela 16ª vez eu perguntei: “E você não cansou de vir todos esses anos?”… Ele respondeu: “Um Burning Man nunca é igual ao outro?” E eu consigo bem entender o porquê.
A BELEZA ÚNICA DO EVENTO
Parece até que escolheram o lugar perfeito para o evento acontecer. No meio de um deserto cercado por montanhas majestosas onde não havia nada eles constroem uma cidade que está rodeada por obras de artes de fazer o queixo cair. Tudo parece combinar perfeitamente… A cor do deserto, as obras surreais, o visual dos participantes, o estilo dos carros mutantes, as tempestades de areia. Uma combinação que muitas vezes me fez sentir no filme Mad Max ou em outro planeta. Literalmente.
Você está andando no meio do deserto e quando olha pro lado vê um barco de madeira passando no meio de uma tempestade de areia. Como assim? É muito surreal.
Esse ano foram mais de 400 obras de arte espalhadas pelo evento e 550 carros mutantes. Um recorde. Até o último dia de ir embora eu descobria coisas impressionantes que não tinha notado antes e me perguntava: “Como é possível? Onde estava isso? Como eu não tinha visto até agora?”. E até hoje eu vejo fotos com coisas incríveis que eu não vi nos 9 dias em que estive lá.
A sensação que eu tinha é que mesmo se eu passasse 1 mês não conseguiria ver tudo, tamanha é a magnitude do evento. Fator impressionante e que traz uma das características mais legais do evento: todo dia vai ser uma dia diferente e todo dia você pode se surpreender!
UM EVENTO DE DUAS DIMENSÕES
A noite e o dia. A beleza seca sob o sol e o jogo de luzes à luz da lua. Passear de dia e de noite era como viajar em duas dimensões completamente diferentes. À noite o evento se transformava em um parque de diversão iluminado, mesmo sem ter nenhuma fonte de energia elétrica no deserto (fato impressionante).
Obras que não faziam o menor sentido durante o dia tomavam vida e se destacavam à noite. Obras que você nem notava à noite transformavam o dia em um lugar mágico. E é com esses contrastes que o evento te encanta a cada vez que você coloca o pé pra fora do seu camping.
De dia um calor de 40 graus, seco e turbinado por tempestades de areia. Esse foi o ano com a maior quantidade e mais fortes tempestades de areia. E às vezes não dava nem pra ver um palmo a sua frente.
De noite um frio de até 0 graus, de céu límpido com lua cheia e aquecido pelo fogo. Sim, o fogo faz parte da essência do evento. Além dos rituais de queima que eu já tinha explicado no outro post LINK você vê pessoas fazendo todos os tipos de arte possível com fogo, além de obras de arte e carros mutantes que são inspirados no fogo. O que faz todo sentido, pois ilumina a noite no deserto e nos aquece naquele friozinho. Qualquer um se sentia feliz e aconchegante quando alguma coisa cuspisse fogo ao seu lado.
UMA INFINIDADE DE EXPERIÊNCIAS
Quando você chega no evento você ganha um livrinho de 160 páginas com cerca de 1.200 atividades diferentes que rolam durante os 8 dias, além do mapa com todas as obras de arte e nomes das tendas temáticas. Todas as atividades são oferecidas e organizadas pelos próprios participantes das tendas temáticas de forma voluntária.
Esse ano foram mais de 900 tendas temáticas inscritas, que ganham um endereço, informam as suas atividades e o evento compila tudo em um livro para que todos os 65 mil participantes curtam ao máximo. Sensacional e super bem feito. Nós inclusive, fizemos parte de uma tenda temática que oferecia duas atividades.
Com tanta coisa rolando assim, fazer planos é quase impossível! Você sai com o objetivo de chegar em um lugar, mas pelo caminho você é facilmente distraído por atrativos que te fazem curtir o momento. Então eu me jogava numa direção qualquer e esperava o que o evento traria de surpresas pra mim naquele dia. E assim eu fiz, de mente aberta e disposta a experimentar de tudo:
1- Ajudei na montagem e desmontagem do nosso camping: e assim eu dei parte da minha colaboração para ajudar a oferecer algo para os participantes.
2- Fiz aula de bambolê: aprendi vários truques, me diverti horrores e descobri que o Alexis tem mais jeito que eu.
3- Pedalei numa bicicleta mutante com asas: um cara super legal me emprestou.
4- Explorei uma obra que era uma caixa surpresa: e quando você descia por uma corda no escuro chegava nesse lugar espelhado com cores e uma música toda psicodélica.
5- Assistimos às lutas no Thumderdome: uma réplica fiel do campo de lutas no filme Mad Max.
6- Participei de um banho coletivo: onde cerca de 50 pessoas recebem um jato de espuma dentro de um container, todo mundo se esfrega e depois vem o jato de água. Foi super divertido e sensacional.
7- Assisti a uma apresentação de jazz: e a galera que tocava era muito boa.
8- Brinquei num carro mutante: que parecia um parque de diversões com vários brinquedos.
9- Assisti um show dos DJs Skrillex & Diplo: que claro tocaram de forma voluntária como qualquer participante que está oferecendo algo. Foi o dia em que eu vi mais gente por metro quadrado em todo o evento e um show de luzes incrível.
10- Fui numa festa de lingerie em plena manhã: onde eles davam rabanada françesa pra galera comer.
11- Andei um dia inteiro pelada: foi uma sensação libertadora. Quando eu senti o ventinho batendo lá, foi como nadar pelada pela primeira vez. Em nenhum momento me senti envergonhada, ninguém me encarou, desrespeitou ou disse gracinhas. Respeito total.
12- Andei de bicicleta: para explorar as artes por todo lado.
13- Fiz festa em baladas surreais: a maioria delas bem mais legal do que qualquer balada em São Paulo. A minha preferida tinha um estilo meio alienígena e cuspia fogo pra todo lado, esquentando a galera. Mas o mais legal é que você pode interagir com tudo na balada, subir nas coisas, dançar onde quiser… E muitas vezes a decoração é feita justamente pra isso. No vídeo você consegue ver algumas.
14- Eu e o Alexis fomos na tenda de orgia: cada dia tinha atividades diferentes, no dia que fomos um lado da tenda era só para casais que não querem ser abordados e o outro era pra quem estava aberto a tudo. Mas era um espaço só e nós podíamos ver a suruba do outro lado. Não gostamos tanto da experiência: tem sempre uma fila atrás de você esperando a vaga no colchão e mais parecia sexo “fast food”. Heheheh
15- Observei um pintor fazendo sua arte: no meio de uma festa eletrônica insana.
16- Tomei drinks: em tantas tendas diferentes que ofereciam bebidas que perdi as contas
17- Eu e o Alexis fizemos a nossa “genital identity”: uma tenda que oferecia fazer cartões de identidades do pinto e da vagina das pessoas. Tinha uma exposição de várias fotos feitas e depois de fazer a sua foto na frente de todo mundo você ganha um cartão para nomear o dito(a) cujo(a). Foi divertido e fora do padrão.
18- Pulei de trampolim: feito uma criança feliz.
19- Admirei por mais de uma hora essa obra de arte da foto abaixo: as luzes de led mudavam conforme a música clássica tocando e no meio do deserto com um frio de quase 0º todos deitavam embaixo da arte na areia do deserto um ao lado do outro para se esquentar e admirar o efeito.
20- Assisti um workshop de “spanking”: sobre pessoas que têm prazer em apanhar e eles explicavam sobre os materiais, intensidade e níveis de prazer e dor. É sempre interessante saber mais sobre coisas que temos preconceitos.
21- Peguei carona em alguns carros mutantes: o que era uma ótima forma de se deslocar pra quem não tinha bicicleta.
22- Fiz body painting: no corpo inteiro.
23- Me diverti fazendo fotos no meio do deserto com o meu vestido de noiva: que lugar melhor para fazer um “trash the dress” do que lá.
24- Passeei no carro maluco da cinderela: quando o cara me viu com o vestido de noiva me ofereceu um passeio no carro, que quase dava um giro completo quando andava e tinha até que colocar cinto de segurança. Adrenalina total.
25- Assisti a galera fazendo yoga: num nível super profissional como eu nunca tinha visto antes.
26- Fiz um tour pela tenda de sadomasoquismo: um representante nos levava pela tenda mostrando todos os equipamentos utilizados enquanto casais estavam lá usando as coisas para os seus prazeres sexuais. E eles pareciam estar se divertindo bastante.
27- Fiz uma balada no final da tarde chamada Distrikt: que era a balada mais Mad Max que eu já tinha visto na minha vida. Todo mundo com os cabelos e barbas cinzas pela tempestade de areia.
28- Interagi com pessoas do mundo inteiro: nunca foi tão fácil conhecer pessoas como lá. Só no nosso camping tinha Americano, Indiano, Francês, Russo, Mexicano, Asiáticos, Africanos… Tinha de tudo e todos estão abertos a interagir.
29- Ofereci o meu “head orgasmic massagem” pra várias pessoas: esse era um dos meus presentes e o que eu mais gostava era olhar a cara de prazer das pessoas enquanto recebiam a massagem.
30 – Eu adorava admirar o “El Pulpo”: o meu veículo mutante preferido. Um polvo metálico a la Mad Max que cuspia fogo ao ritmo da música. E quando ele cuspia fogo por todos os seus tentáculos aquecia um raio de 200 metros levando a galera ao delírio, inclusive eu! PS: Não deixe de ver o vídeo no topo se você gostaria de ver o “El Pulpo” em ação.
31 – E é claro que eu vi o homem queimar: um espetáculo impressionante e que me arrepia toda vez que eu vejo essa vídeo aí do topo. E assisti outros rituais de queima também.
Vixe, eu fiz tantas coisas, que fica difícil mencionar tudo aqui. Mas eu tenho certeza que se você conhecer outra pessoa que foi ela vai ter tido experiências completamente diferentes. Tem também muitas atividades de poesia, música, artes, atividades para crianças, outras mais espirituais, várias atividades de massagem e workshops sobre tudo que você pode imaginar.
5 RAZÕES PARA EU TER ACHADO O BURNING MAN TÃO INCRÍVEL
1- A COLABORATIVIDADE
Dedicação é a palavra. Centenas de voluntários e pessoas que dedicam tempo, dinheiro do próprio bolso e esforço para oferecer as obras de arte, atividades, performances, comida e bebidas para todos os participantes. É comum ganhar presentes e ser convidado com excitação a participar de algo. Pela primeira vez fui a um evento onde não se espera que tudo seja feito pela organização do evento e sim por todos que estão ali. 95% do evento é feito pelos participantes e com um empenho de tirar o chapéu. Se os participantes não quisessem oferecer nada não haveria Burning Man. Um funcionamento orgânico, movido apenas pela vontade das pessoas em querer realizar as coisas, em ter e oferecer experiências, que te dá a impressão de tudo ser perfeito. E é por isso que lá não existe o uso do dinheiro. Tudo está disponível gratuitamente porque alguém quis oferecer. Não tem preço.
2- VOCÊ PODE INTERAGIR COM TUDO
Diferente do mundo normal cheio de regras… Lá, você pode interagir com tudo. Viu um sofá gostoso em uma tenda temática e está com preguiça de ir até o seu camping? Deita lá e relaxa, ninguém vai te expulsar. Todas as tendas são abertas a todos os participantes, você só precisa respeitar as tendas privadas de cada um. Você também pode subir em qualquer carro mutante que tenha espaço para tanto e pode escalar e brincar com qualquer obra de arte (com exceção de obras frágeis por uma razão óbvia). Algumas obras são super altas e cair poderia ser perigoso. Mas para isso existe o princípio da Autoconfiança (onde você é responsável por você mesmo, mentalmente e fisicamente). Tá vendo essa balada no foto abaixo com pessoas dançando penduradas a 15 metros de altura? É bem isso. Nenhum segurança vai mandar você descer de lá. Aliás, segurança é uma coisa que não existe por lá. Somente você é responsável pelo seu bem estar físico e pelas suas escolhas. E pra mim isso faz todo sentido.
É ninguém vai mandar você descer de 15 metros de altura. Quer subir? Então sobe. É sua responsabilidade.
3- VOCÊ SE SENTE COMPLETAMENTE LIVRE
Essa característica de poder interagir com tudo e se expressar como você quiser (o princípio do auto expressão radical) te passa uma sensação de liberdade incrível. Você só precisa respeitar o próximo (um princípio básico da vida não é?), mas fora isso você pode ser quem você quiser. Aqui na vida normal nos vestimos todos parecidos, mas lá não. Todo mundo se veste de um jeito completamente diferente. No nosso camping tinha um rapaz que ficava só de cueca todos os dias e ele estava feliz assim. Algumas pessoas andam peladas, outras fazem super produções. Não importa o que seja, ver cada um se expressando do seu jeito é muito legal e representa bem o conceito de liberdade. Eu me diverti com o meu radical self expression e descobri que eu adoro cores fortes. Eu quero é uma vida cheia de cores.
4- LIXO É COISA SÉRIA
É o único lugar do mundo que você vai ver 4 pessoas correndo atrás de um papelzinho, eu inclusive corri. O princípio de não deixar rastros é muito forte. A comunicação do evento é clara: “O único rastro que nós deixamos no deserto é das nossas pegadas, todo resto a gente leva de volta com a gente.” Existe de fato uma preocupação com a natureza, uma questão muitas vezes ignorada em nossas sociedades. Inclusive se você decide tomar banho você não deveria deixar sua água suja cair no deserto, e sim recolher essa água e deixar ela evaporando. E o nosso camping tinha um sistema só para isso.
5- TODO DIA PODE SER SURPREENDENTE
São tantas coisas acontecendo, tantas atividades, tantas obras, tantas pessoas, tantos carros mutantes incríveis, que um dia nunca vai ser igual ao outro. Você faz novas descobertas todos os dias e nunca sabe quais surpresas podem cruzar o seu caminho. Todo dia pode ser um dia incrível.
A MENSAGEM MAIS IMPORTANTE DO EVENTO
Durante 9 dias eu tive a oportunidade de viver uma realidade em comunidade, onde o empenho e a dedicação das pessoas é movido pela vontade em oferecer experiências ao próximo. Um conceito de coletividade que beneficia a todos, já que todos terão a oportunidade de oferecer e receber experiências incríveis. E tudo isso acontece em um cenário mágico onde você se sente livre para ser e se expressar, sem se preocupar em ser julgado e sem tentar se moldar para atender um modelo exigido pela sociedade.
Dessa forma o evento oferece uma realidade completamente oposta das sociedades em que vivemos hoje, onde o pensamento é bem mais individualista. Onde queremos “trabalhar mais para ter uma casa maior pra mim, um carro melhor pra mim, coisas melhores pra mim”… E nesse movimento muitas vezes perdemos o bom senso com relação aos impactos ao nosso redor, esquecendo o conceito de comunidade com atitudes egoístas. Queremos ser uns iguais aos outros, deixando nossas identidades e o que acreditamos pra ser felizes. E sempre mais que os outros, como numa competição não declarada. E nessa corrida insana do individualismo nos cegamos e nem percebemos que os maiores prejudicados somos apenas nós mesmos, que “supostamente seriam os maiores beneficiados”. Uma corrida para prestar contas com os outros e à sociedade, que já não tem conexão com a nossa própria essência humana.
Não é a toa que muitas pessoas sofrem depressão após o evento. Ter o gostinho de como o mundo poderia ser muito mais saudável dessa forma e depois voltar à realidade agonizante de nossas sociedades é um tanto desanimador confesso. Mas o evento faz um trabalho muito forte online passando orientações para pessoas que se sentem assim e de como lidar com essas sensações. E eles deixam uma mensagem muito boa
MENSAGEM
Não espere ter na vida normal a mesma realidade que você experimentou aqui, mas leve com você os aprendizados mais valiosos para implementar na sua realidade tudo o que pode deixar a vida à sua volta melhor, impactando positivamente a vida de outras pessoas.
E se pensarmos assim o evento pode deixar um legado do bem que pode de fato mudar vidas. Engraçado, pois foi exatamente isso que eu percebi quando eu voltei da minha viagem de 2 anos pelo mundo. Eu tinha 2 opções: ficar presa no tempo àquele momento maravilhoso que eu tive na viagem e me sentir triste por não ter o mesmo aqui ou pegar todos os aprendizados que eu tive e implementar na minha realidade pra deixar a vida à minha volta melhor. Eu escolhi a opção 2 e foi a melhor coisa que eu fiz.
Se você estava ansioso por saber dicas sobre como participar do Burning e mais detalhes de como funciona para dormir, comer, tomar banho… Aguarde o próximo post dessa série. Era muita coisa pra falar em um post só. Mas aproveite para registrar suas dúvidas no comentário abaixo e eu vou responder tudo no próximo post.
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Carol Fernandes
IDEALIZADORA
Uma virginiana certinha da pá virada, que virou de vez depois de viajar o mundo e decidiu que só ia fazer o bem. Criou a ViraVolta porque acredita que viajar o mundo transforma as pessoas e as pessoas transformam o mundo. Não escreve rebuscado, poético ou certinho, mas fala com a alma e o coração.