A IDÉIA DE VIRAR FREELANCER PARA TRABALHAR E VIAJAR O MUNDO AO MESMO TEMPO, SE TORNANDO UM NÔMADE DIGITAL, ATRAI MUITAS PESSOAS. MAS SERÁ QUE É TÃO SIMPLES ASSIM? Quando viajamos e trabalhamos ao mesmo tempo a dinâmica da viagem muda e esse sonho de fazer 20 países em 1 ano se torna meio irreal.
Mas é possível sim criar um estilo de vida nômade conciliando com uma viagem, mas para isso precisamos ser realistas. Por isso, convidei o casal Carol, de 26 anos, e Denny, de 25 anos, do blog Na Palma do Mundo, que começaram a implementar suas carreiras de freelancer em Novembro de 2014 e desde Maio de 2015 estão conciliando a vida de nômades digitais com o sonho de viver pelo mundo, para compartilhar nesse post sua história, a realidade de viajar dessa forma e as principais dicas de por onde começar.
Texto de Carol Marques
COMO TUDO COMEÇOU?
Estávamos insatisfeitos com nossos empregos, com a rotina de trabalho e de São Paulo, e com a perspectiva que tínhamos de um futuro que não parecia se encaixar com a gente. Pesquisando o nomadismo digital encontramos vários sites e blogs falando sobre as oportunidades de trabalhos freelancer que podiam ser encontradas online e desempenhados remotamente, e resolvemos tentar sem acreditar muito que isso poderia dar certo.
Começamos a procurar esses trabalhos à noite e nos finais de semana em sites especializados, enquanto ainda trabalhávamos 8 horas por dia nos nossos empregos. Eu (Carol) comecei a trabalhar como tradutora e redatora de conteúdo, e o Denny como programador.
As coisas deram muito mais certo do que imaginávamos. Até hoje só tivemos clientes estrangeiros que pagam em dólar ou euro, então não fomos afetados pela desvalorização do real. Hoje só temos clientes fixos, e faz vários meses que não procuramos nada novo.
Pedimos demissão em março e saímos do Brasil em maio de 2015. No total, do início das nossas pesquisas sobre nômades digitais até realmente começarmos a viver assim, foram 11 meses.
Hoje trabalhamos cerca de 35 horas por semana, que por opção nossa são divididos em 7 dias. Toda a comunicação é feita por email ou Skype. Por causa do fuso horário dos nossos clientes, nos adaptamos a uma rotina um pouco diferente. Costumamos começar a trabalhar no início da noite e vamos até o início da madrugada. Acordamos por volta das 11h da manhã e temos a tarde toda para conhecer a cidade onde estamos morando.
Optamos por começar esse novo estilo de vida nos países do leste da Europa, que oferecem, na nossa opinião, um custo-benefício excelente. Por enquanto, estamos passando um mês em cada país (em uma única cidade e com uma ou outra pequena viagem nos finais de semana).
Por enquanto esse estilo de vida está sendo perfeito pra nós. Com certeza nem se compara com a infelicidade profissional que sentíamos nos nossos empregos convencionais, mas é claro que também existem desvantagens, como o fato de vivermos só com uma mala e termos que lidar com a distância da família e dos amigos.
Não sabemos o que vai ser do futuro e quanto tempo vamos continuar sendo nômades. Também não sabemos se vamos continuar tendo bons clientes fixos que pagam bem, e entendemos que a vida de freelancer é cheia de incertezas, mas nós sempre nos preocupamos em nos preparar para elas.
Hoje gastamos cerca de um terço do que ganhamos e guardamos o resto, justamente para podermos lidar com os períodos mais difíceis que virão. Assim, acreditamos que estamos criando um estilo de vida sustentável no longo prazo, e não só uma viagem com data para acabar e voltar para a “realidade”. Felizmente, essa é a nossa nova realidade.
UMA RESSALVA SOBRE TRABALHAR E VIAJAR AO MESMO TEMPO
Já cruzamos (virtualmente) com pessoas planejando uma volta ao mundo e querendo “dar uma trabalhada” como freelancers para ajudar nos custos, mas na nossa opinião isso é algo muito difícil de dar certo.
Você até pode ganhar um dinheiro aqui e outro ali, mas pra ter uma renda estável e significativa, é preciso muito trabalho e dedicação. Para se dedicar verdadeiramente viajando em um ritmo mais acelerado, com muitos deslocamentos, passando por vários continentes, ficando em hostels, etc, seria inviável.
Se nós só tivéssemos um período fechado para viajar, como um ano sabático, nunca iríamos querer trabalhar ao mesmo tempo. Preferiríamos juntar dinheiro antes e viver essa experiência ao máximo, sem responsabilidades, reuniões por Skype, prazos, fuso horário, etc.
Hoje nós não temos pressa nenhuma pra conhecer um determinado país ou continente, justamente porque temos todo o tempo do mundo.
O que nós fizemos foi uma mudança de estilo de vida, migrando para um tipo de trabalho que não é convencional, mas que nós acreditamos que podemos fazer para sempre, seja como nômades ou não. Inclusive já conhecemos pessoas mais velhas que trabalham há anos como freelancers, moram normalmente em suas casas, têm família para sustentar, viajam quando querem, têm flexibilidade de horário, etc, e é esse caminho que nós pretendemos seguir.
COMO VOCÊ PODE COMEÇAR?
É claro que essa não é a única maneira de começar a trabalhar como freelancer, mas foi a que nós usamos então é a única que podemos recomendar.
SITES DE TRABALHOS FREELANCER:
Gringos: Nós começamos fazendo perfis no Elance e no oDesk. Acabou dando certo no Elance e ficamos por lá mesmo. Hoje, os dois se fundiram e formaram o Upwork. Como o site é gringo o inglês é fundamental, mas a grande vantagem é ganhar em dólar. O Elance (único que nós usamos) tinha um plano gratuito e um pago (nós nunca saímos do gratuito).
Brasileiros: Nós nunca usamos então não podemos recomendar, mas alguns dos quais já ouvimos falar são: Freelancer.com, 99 Freelas, Workana, Prolancer e NearJob.
Com certeza existem outros. Vale a pena pesquisar.
COMECE ANTES DE PEDIR DEMISSÃO E DE VIAJAR
Claro que essa é uma opinião nossa, mas somos totalmente contra “jogar tudo pro alto” e aí começar a pensar em planejamento. Aproveite as noites e/ou os finais de semana para pesquisar as ofertas, enviar propostas, e tentar criar um relacionamento com clientes que possam se tornar fixos e gerar uma renda estável no futuro.
PASSO A PASSO PARA COMEÇAR
Definir que tipo de trabalho você vai fazer: as ofertas nesses sites são muito variadas e separadas por categorias. Tem muita coisa de programação, tradução, redação, ilustração, edição de vídeo, transcrição de áudio, gerenciamento de mídias digitais, dublagem, design gráfico, suporte administrativo, assistente pessoal, etc.
Vale a pena navegar pelas categorias, analisar as ofertas e ver qual tipo de trabalho se encaixa com as suas habilidades.
Criar o perfil: crie o seu perfil de acordo com a categoria de trabalho que você escolheu. Mencione qualquer experiência que você tiver (se tiver), acrescente amostras de trabalho no seu portfólio (se tiver) e explique qual o seu objetivo no site.
Enviar propostas: os clientes postam jobs e cada freelancer envia a sua proposta explicando por que deve ser contratado, o que pode oferecer, definindo preço e prazo de entrega, etc, e é isso que você deve fazer também.
Escreva sempre algo personalizado e voltado totalmente para aquele job, algo que faça você se destacar entre os freelancers (a concorrência é grande). Copiar e colar o mesmo texto para várias propostas é a receita para o fracasso.
Criar/enviar amostras: é fundamental enviar amostras do seu trabalho para o cliente avaliar se você é a pessoa certa para o job. Se você não tiver experiência, crie amostras da sua cabeça e envie como se fossem entregas para clientes anteriores de fora do site (foi o que nós fizemos).
Ter paciência: eu enviei umas 20 propostas antes de ser contratada para o meu primeiro job, ou seja, tem que ter paciência e não desistir. O primeiro é o mais difícil.
Receber boas avaliações e feedbacks: depois que você conseguir o primeiro trabalho, não preciso nem dar a dica de ser super responsável, fazer tudo direitinho, e garantir que o seu cliente fique 100% satisfeito né? Ele vai te deixar uma nota e um feedback pelo trabalho, e aí você começa a construir o seu perfil e deixá-lo mais atrativo. É por isso que, com o tempo, fica mais fácil conseguir clientes novos (e melhores).
FICA A DICA
Tem muito, mas muito cliente que não está procurando um freelancer, está procurando um escravo. Muitas ofertas pagam muito pouco, em patamares realmente absurdos, mas também existem clientes bons, tanto que nós conseguimos encontrar alguns e vivemos única e exclusivamente do “salário” que recebemos deles hoje em dia. De novo, é preciso ter paciência e procurar as ofertas que realmente valem a pena. Elas existem.
CAROL MARQUES & DENNY SEREJO
Apaixonados por viagens e cansados da rotina de São Paulo, resolveram abandonar o mundo corporativo para trabalhar como freelancers e viver como nômades digitais. Conheça mais: Na Palma do Mundo. Conheça mais: Na Palma do Mundo e FB, Insta.
Se você sonhe em ser um nômade digital e em explorar o mundo ao mesmo tempo, comece passo a passo. Dedique tempo construindo a sua carreira como freelancer e quando você conseguir uma renda fixa a sua passagem para o mundo já vai estar garantida. Afinal, viajar o mundo sai mais barato que ficar pagando as contas aqui no Brasil. Não acredita? Então olha esse comparativo aqui. Acredite! Vai que dá.
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Carol Fernandes
IDEALIZADORA
Uma virginiana certinha da pá virada, que virou de vez depois de viajar o mundo e decidiu que só ia fazer o bem. Criou a ViraVolta porque acredita que viajar o mundo transforma as pessoas e as pessoas transformam o mundo. Não escreve rebuscado, poético ou certinho, mas fala com a alma e o coração.