Bem-vindo a um novo ciclo

O QUE NOS MOTIVA NA VIDA? A curiosidade é certamente uma delas. Há sempre algo novo com o qual podemos nos encantar. É impressionante a capacidade que o mundo tem de surpreender. Capacidade de se encantar com o mundo como ele é: inesperado e inédito. De repente temos uma epifania e as coisas se transformam incrivelmente.  

Søren Kierkegaard, filósofo dinamarquês, diz que algumas coisas na vida dependem de fé. E aqui não falo da fé cristã em Deus. Mas me refiro a fé como contraponto à racionalidade, fé em algo que acreditamos, mas que para isso é preciso se lançar e confiar que o que se pretende irá se concretizar, também chamado de leap of faith.

Minha mãe sempre disse que nada cai do céu é ela tem toda razão, por isso, é necessário trabalho para seguir na direção daquilo em que acreditamos ser o melhor para nós.

O processo é complexo e em muitas vezes doloroso. Somos livres, mas ser realmente livre pressupõe dar uma solução para a vida, o que nos leva a escolher, identificar o que mais vale a pena viver, e esta identificação não é fácil, e como ela não é fácil, a gente angustia. A angústia está em admitir que algo está errado e que é preciso mudar a situação, mas isso leva ao processo inicial, de que para resolver a equação é necessário escolher. Escolhas significam renúncias. Todas as vezes que escolhemos viver uma vida, renunciamos a todas as outras possibilidades que estão disponíveis, e acredite, são muitas. A angústia então se transforma em medo quando percebemos que, para fazer a escolha e renunciar aquilo que conhecemos, teremos que trilhar um caminho totalmente desconhecido. A angústia então pode atingir seu auge, a forma definitiva de falência existencial: a falta de sentido da vida.

Jean Paul Sartre em seu livro A Náusea diz que na hora de viver, sempre há muitas opções, e nunca temos muita certeza se fizemos as escolhas certas, portanto a angustia nos acompanhará por toda a vida. Concordo em partes. Acredito que há muitas escolhas que fiz das quais não me arrependo. Minha viagem foi a maior delas. E então aqui eu volto na fé. Ter fé é acreditar sem a razão aparente de que as coisas darão certo no final e trabalhar para que elas se concretizem mesmo com medos e incertezas.

Sempre que reflito na minha vida depois que voltei da viagem, penso que se morresse amanhã, morreria feliz, porque fiz tudo que queria. Não quer dizer que meus sonhos tenham acabado ou que eu não queira fazer uma nova viagem. Muito pelo contrário! O combustível da vida é aprender e se dedicar a algo que faz sentido para concretizar novos sonhos. O processo nunca é fácil mas, como diz Aristóteles, virtudes quando adquiridas devem ser sempre praticadas para que possamos nos aperfeiçoar. Ciclo virtuoso!

A viagem fez de mim um pessoa melhor em todos os aspectos e quero compartilhar o poder transformador de uma viagem de longa duração pelo mundo com mais pessoas. Assim, estou muito feliz por começar a concretizar um novo sonho ao qual eu quero me dedicar – ajudar as pessoas a alcançar um sonho que um dia foi meu: VIAJAR O MUNDO!

Para alguns de vocês que estão lendo e não estão entendendo muito bem, vou resumir: eu viajei dois anos e oito meses pelo mundo em uma jornada fantástica por 37 países. Passei cada um dos meus três últimos aniversários em continentes diferentes, e, desde meu último aniversário as mudanças foram drásticas.

Hoje completo um novo ciclo e para comemorar, quero, em primeira mão, anunciar minha parceria com a Carol Fernandes deste projeto incrível. Vou ajudar a galera no workshop a viajar na maionese, como ela mesmo diz e também com conteúdo.

Carol Fernandes, parabéns pelo projeto e pelo esmero em tudo que você faz. Muito obrigado por este presente, pelo voto de confiança e permitir que eu possa realizar um novo sonho. Desde meu primeiro contato com você e seu projeto quando eu ainda viajava pelo México me senti identificado. Nosso santo bateu legal, você é uma pessoa que tem fé 😉

A máxima de São Beda tem sido recorrente em minha vida e aqui cito-a mais uma vez: “Há três caminhos para o fracasso: não ensinar o que se sabe, não praticar o que se ensina, e não perguntar o que se ignora.”

Foto de capa – Rangdum / Ladakh – Jammu e Kashmir – Índia. Créditos: Júlio Furquim 

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Júlio Furquim

CÚMPLICE VIRAVOLTA

Um aficcionado por café que viajou o mundo para encontrar o sentido da vida após uma crise de depressão. Se afiliou a ViraVolta porque acredita que viajar o mundo ajuda as pessoas a serem melhores. Montanhas e longas caminhadas são sempre uma inspiração para escrever. Discípulo da filosofia para a vida cotidiana de carne e osso.

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