Quando tudo “parecia” perfeito me dei conta de que nada mais fazia sentido!
Foi assim que começou a maior reviravolta da minha vida.
Minha vida “parecia” perfeita aos 30 anos. Um namorado que eu amava e me fazia sorrir, uma família maravilhosa, um apartamento confortável de 3 quartos alugado, um emprego de 7 anos numa multinacional, uma carreira em ascensão e um ótimo salário. Mas ao mesmo tempo vivia estressada, com gastrite e refluxo, me sentia infeliz no dia-a-dia do trabalho e meu humor era super instável.
Um dia me fiz uma fatídica pergunta: “O que vai ser da minha vida se eu continuar nesse caminho?” Pensei: “Vou crescer mais, ganhar mais dinheiro, comprar um apartamento, um carro bonito… e continuar IN-FE-LIZ com meu estilo de vida. Então é isso? Vou fazer isso pro resto da minha vida?” Buuummm. Um bomba explodiu na minha cabeça.
Me dei conta no mesmo instante de que aquele estilo de vida não foi o que eu tinha planejado pra mim. E pior, entendi que eu nunca tinha planejado muito minha vida. Tava ali, apenas seguindo o fluxo dela. Estudei, me formei, arrumei emprego, trabalhei muito pra crescer e ganhar mais dinheiro. No entanto nunca me perguntei para que eu precisava daquilo tudo. Acho que deixei a vida me levar.
O fato é que eu nunca quis ser diretora, nem CEO de empresa nenhuma, nem super rica… Então peraí, porque raios eu estava lá, trabalhando mais de 12 horas por dia, me estressando, mal de saúde, vivendo a 450km do meu namorado, aguentando aquele clima blasé de multinacional, por uma coisa que eu nem queria???? Faz sentido? Só para ter mais coisas? Só para mostrar que eu era “bem sucedida”? Pra quem?
E foi aí que começou o que eu chamo de “Crise dos 30”, uma especialidade da nossa geração. Aquela fase onde você já atingiu uma certa maturidade, estabilidade financeira, carreira e mesmo assim você se sente infeliz com o rumo da sua vida. Quando você começa a se perguntar se você está vivendo a vida que esperam de você ou a vida que você realmente queria.
É, eu precisava rever e reaprender algumas coisas. Mas nem sabia como fazer e por onde começar, afinal era uma vida vivendo daquela forma. Minha visão parecia turva e meus pensamentos bloqueados. Era como se aquele fosse o único caminho a seguir pro resto da minha vida, pelo menos na limitação dos meus pensamentos intrincados.
E foi exatamente nesse momento de masturbação mental que um acontecimento mudou tudo. Numa conversa temperada com vinho entre amigas surgiu a pergunta: “O que você queria mesmo fazer da sua vida?”. Num ímpeto eu respondi: “Eu queria era largar tudo e viajar o mundo!”. Eu sempre fui louca por viagem e gastava minhas economias viajando todos os anos de férias, mas sempre achei que uma vida só não era suficiente para conhecer tudo que eu queria. Minha amiga disse: “E porque você não faz?”. Respondi segura de mim: “Por que precisa ser milionário pra fazer isso!”. Ela retrucou: “Não precisa não! Tenho um casal de amigos que acabou de voltar de uma viagem de 8 meses pelo mundo e eles gastaram 35 mil reais.” PA-RA TU-DO! Esse era o preço de um carro!!! Aquela informação iria então mudar o curso da minha vida.
A idéia veio certeira: eu economizaria dinheiro, largaria tudo, viajaria o mundo por um ano e teria tempo para repensar a minha vida. Mas largar tudo é difícil! Será? Um emprego que não me deixava mais feliz? Uma casa alugada com apenas coisas dentro? Pessoas queridas que sempre vão estar ali e eu ia rever na volta? Não me parecia impossível. Eu acreditava que experimentar o mundo abriria a minha mente e me ajudaria a ver outras oportunidades na vida e estava disposta a arriscar.
Mais motivos para eu deixar aquela vida? Porque era meu sonho viajar o mundo. Por que eu acreditava que essa seria uma das experiências mais incríveis para se viver. Porque eu achava que a minha vida não ia ficar pior por isso, muito pelo contrário, provavelmente ia melhorar. Por que eu tinha certeza que eu podia arrumar outro emprego depois, mesmo que fosse para ganhar menos. Porque eu achava que a vida era muito curta para deixar de viver experiências únicas como essa. Por que eu queria chegar no final da minha vida, olhar para trás, e ficar feliz por ter tentado e não apenas sonhado!
E aí eu aprendi as duas primeiras lições da minha jornada:
1- Que nós seres humanos somos ignorantes por natureza. Tiramos conclusões sem nem buscar fatos que a comprovem, influenciados pelo nosso meio e nossas referências, mesmo tendo a internet à nossa disposição. Como por exemplo pensar que precisa ser milionário para viajar o mundo. Quem disse isso? Faça uma breve pesquisa no google e você vai se surpreender em minutos.
2- Que planejamos a nossa carreira mas não planejamos nossa vida. Nos sujeitamos a extensivas horas de trabalho e deixamos de curtir a família, os amigos e nossos prazeres. Nos matamos de trabalhar e abrimos mão da nossa qualidade de vida e saúde. Priorizamos o trabalho para depois adaptar nossas vidas à ele. Entendo a necessidade do dinheiro para a nossa sobrevivência, mas será que as pessoas sabem a vida que realmente querem? E será que elas realmente sabem o quanto precisariam ganhar para ter essa vida?
VOCÊ JÁ SE FEZ ESSAS PERGUNTAS?
- O que vai ser da minha vida se eu continuar nesse caminho?
- Essa é a vida que eu realmente queria pra mim?
- Estou feliz com o meu estilo de vida?
Você pode se surpreender com as respostas. Nos fazer de cegos para os problemas é o pior que pode acontecer. Afinal, as ações mais importantes e que trazem os melhores resultados para as nossas vidas são as mais desconfortáveis e o sucesso vai depender delas. Se você se sente feliz com o seu estilo de vida e bem com você mesmo, perfeito, mas se existe um sinal de fumaça, não ignore. Mexa a sua bunda pra fazer alguma coisa, porque não vai acontecer um milagre e ninguém vai fazer por você.
A reviravolta da minha vida começou assim e a melhor coisa que eu fiz foi não ter ignorado o meu sinal de fumaça.
E você, qual foi o momento de reviravolta da sua vida? Se você tem uma história legal conta aí e ajude a inspirar outras pessoas.
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Carol Fernandes
IDEALIZADORA
Uma virginiana certinha da pá virada, que virou de vez depois de viajar o mundo e decidiu que só ia fazer o bem. Criou a ViraVolta porque acredita que viajar o mundo transforma as pessoas e as pessoas transformam o mundo. Não escreve rebuscado, poético ou certinho, mas fala com a alma e o coração.